Saúdo Vossa Santidade e todas as autoridades religiosas presentes.
A República Italiana congratula-se com esta importante assembleia.
O espírito de Assis renova-se hoje, em Roma, num tempo marcado por graves ameaças globais que causam sofrimento, pobreza e medo. Um tempo que nos faz compreender, juntos, quanto a fraternidade e a harmonia são riquezas importantes de que precisamos e de que podemos realmente dispor.
Temos a confirmação disto a partir da dramática pandemia que aflige todos os povos e que tem realçado a nossa fragilidade comum, tornando claro que toda a humanidade, em conjunto, sente necessidades comuns e precisa de colaboração mútua para as satisfazer, como a Encíclica "Fratelli Tutti" do Papa Francisco sublinhou nos últimos dias.
Isto aplica-se ao compromisso de proteger o meio ambiente em que vivemos. Aplica-se à luta contra à desigualdade, à injustiça e à fome, que ainda põe em risco a vida de milhões de pessoas. Aplica-se, no que diz respeito à pandemia que estamos a viver, para que os cuidados e as vacinas que a ciência nos pode fornecer sejam colocadas à disposição de todos em todo o mundo.
O sofrimento que todos os continentes estão a viver assume o significado de um apelo que a história nos dirige para a paz e a cooperação entre os povos da família humana. Um apelo que torna a insensatez da guerra, hoje como no passado, ainda mais evidente.
É de grande significado, portanto, acolher, aqui reunidos no Capitólio, as razões da paz, do abraço e do amor fraternal. É de grande significado ver confissões religiosas solidárias em oração para que as pessoas possam encontrar juntas o caminho da redenção e a busca comum do horizonte futuro.
A República Italiana reconhece e honra os esforços de diálogo nesta direcção, na consciência do papel fundamental que as religiões têm e podem desempenhar para contribuir para um futuro de desenvolvimento e igualdade entre pessoas e povos.
A esperança será mais forte do que qualquer obstáculo, já não será inalcançável se as mulheres e os homens de boa vontade se comprometerem a vivê-la concretamente na sua vida quotidiana.
O testemunho das religiões é uma profecia que pode ajudar o mundo a abalar a resignação, a desconfiança e o ressentimento. Enquanto é distorcida, transformando-se em blasfémia, quando é dobrada para justificar oposição e ódio, para alimentar conflitos, para exaltar o fanatismo e a violência contra as pessoas.
As orações - que brotam de diferentes fontes religiosas - são dirigidas a uma outra dimensão sobrenatural, mas a fé da qual emanam alimenta a possibilidade de ser mais fácil viver juntos em paz nesta Terra, partilhando o limite e a riqueza da nossa humanidade comum.
Roma e a Itália orgulham-se de ser, ainda hoje, uma encruzilhada de diálogo e paz.